O sistema público de ensino em Belo Horizonte pode entrar em colapso. Depois da paralisação dos professores da rede estadual, problema que foi parcialmente solucionado com a contratação de professores temporários, educadores que lecionam em escolas municipais também ameaçam cruzar os braços. Na quinta-feira (18), durante uma manifestação em frente à Prefeitura, a categoria aprovou um indicativo de greve marcado para o início de setembro.
Já na rede estadual de ensino a contratação de novos professores parece não ter solucionado o problema da paralisação. Na manhã de quinta-feira, na Escola Estadual Governador Milton Campos (Estadual Central), no Bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul, houve tumulto entre educadores efetivos que não aderiram à greve e os substitutos. Os portões da instituição de ensino foram trancados e as aulas foram imediatamente interrompidas. Muitos alunos que permaneceram no pátio da escola, em sinal de protesto, arremessavam os materiais escolares no chão.
A professora de português Roméia Rick, de 56 anos, resolveu aderir ao movimento grevista por considerar descaso e desrespeitosa a atitude do governo, que convocou 3 mil substitutos para possibilitar a volta às aulas de alunos do 3º ano do Ensino Médio. "A partir do momento que são contratadas pessoas que consideram a substituição um bico, tomando o espaço de colegas que estão lutando pelos direitos, e vale ressaltar que a greve é um direito constitucional, resolvemos suspender as aulas por período indeterminado", alegou a educadora, que é efetiva.
Um dos professores substitutos, que se identificou apenas como Eduardo, manifestou sua indignação diante do caos instalado na escola. Revelou que pediria desligamento imediato. "Fica difícil trabalhar em um espaço em que você sente que não é aceito, por isso, pretendo pedir demissão", desabafou, assustado, o professor recém-contratado. Parte dos alunos se recusou a assistir aulas ministradas pelos professores temporários.
A presidente do Grêmio Estudantil, a aluna Júlia Raffo, afirmou que a maioria dos alunos é contrária a contratação de professores substitutos. "Nossa opinião é de que a contratação não resolve de maneira definitiva o problema. Estão protelando uma situação que vai novamente estourar num futuro próximo. O correto seria conceder o reajuste salarial à categoria", destacou a aluna, acrescentando que, no próximo dia 24, os estudantes vão participar de uma passeata em apoio aos professores.
Na rede municipal, o argumento para o indicativo de greve é de que a primeira parcela do aumento prometido pelo prefeito Marcio Lacerda, de 3%, não foi concedido.
Além disso, completa a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-Rede/BH), Vanessa Portugal, há outras reclamações. "Estamos reivindicando a unificação de carreira dos professores da educação infantil e o cumprimento de uma Lei Federal que determina que um terço da jornada deve ser reservado para o planejamento das atividades letivas", afirma a sindicalista, que revelou que a manifestação era também um ato de solidariedade aos professores da rede estadual.
O protesto gerou reflexos no trânsito da região central da cidade. Uma das pistas da Avenida Afonso Pena, no sentido centro-bairro, foi interditada.
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